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Diversificação é a alma do negócio em seguros

Os corretores de seguros – são mais de 120 mil no Brasil – enfrentam um momento difícil devido à concentração em apenas dois segmentos. Cerca de 80% deles ganham a vida vendendo seguro de carro e plano de saúde. Ambos os setores têm alta demanda da população, mas estão enfrentando desafios, como a crise nos negócios e a queda de renda das famílias, que estão cada vez mais inadimplentes.

De acordo com dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em maio deste ano, cerca de 78,3% das famílias brasileiras tinham dívidas, seja em atraso ou não.

Além disso, em maio, surgiu um novo problema. Aproximadamente 85% das vendas de seguro de carro são originadas por carros zero quilômetro. Ninguém sai da concessionária sem seguro. No entanto, com o anúncio do governo sobre subsídios para o carro popular em 26 de maio, as vendas caíram. A ideia é reduzir o preço dos carros populares em até 10,96% por meio do corte de impostos.

“As pessoas adiaram a compra à espera de um preço menor com a redução de impostos. Até veículos que não serão contemplados pela medida sofrem com a espera do pacote do governo”, afirma Dirceu Tiegs, presidente da Lojacorr, uma rede que conecta mais de 2 mil corretores de seguros, com vendas de R$ 1,2 bilhão em 2022. Ele destaca que as vendas de seguro auto estavam avançando 25% em abril, mas caíram consideravelmente na última semana de maio.

No setor de saúde, a pressão também é grande. Em maio, o número de clientes com planos empresariais, muitos deles emitidos a partir de um CNPJ, em busca de informações sobre cancelamentos por parte da operadora, aumentou significativamente. Segundo os corretores, a justificativa tem sido o aumento do uso, tornando a carteira deficitária. Quando isso acontece, não resta outra opção a não ser procurar outro plano. No entanto, surge a questão de qual outra operadora comprará a carência de um cliente que usa muito mais do que paga e qual preço será cobrado.

Dyogo Oliveira, presidente da CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras), afirmou em palestra no evento LC Summit, realizado pela Lojacorr entre 1 e 2 de junho em Curitiba (PR), que o cenário da saúde é extremamente preocupante. De acordo com levantamento da FenaSaúde, cerca de 270 operadoras estão com déficit. Algumas conseguem se manter sem prejuízo devido aos ganhos financeiros com as elevadas taxas de juros, mas com a tendência de declínio dessas taxas, os resultados das empresas serão ainda mais afetados.

“Temos uma combinação de aumento de despesas, pela evolução da tecnologia de saúde, e um envelhecimento da população, que aumenta a demanda sobre o serviço de saúde. Somado a isso temos um conjunto de decisões jurídicas, legislativas e regulatórias que imputam custos para o sistema de saúde sem a devida preocupação com a sustentabilidade do sistema. Além da fraude. Tudo isso encarece o preço do produto. Se este cenário continuar, o plano de saúde será restrito apenas a homens como Bill Gates. Nós, mortais, migraremos todos para o SUS”, diz Oliveira.

A saída para os corretores é apostar na diversificação da carteira. Se eles oferecerem um seguro de vida ou de residência para cada cliente de seguro auto e saúde, a receita da corretora aumentará consideravelmente, acredita Ney Dias, presidente da Bradesco Auto Re. “Somente 15% das residências no Brasil têm seguro residencial. É uma taxa muito baixa comparada a países da América Latina, com indicador que chega a 40%, ou de países da Europa ou Estados Unidos que chegam a 90% de cobertura das residências existentes”, diz.

Dias destaca que existem produtos para todos os bolsos, com coberturas e serviços importantes para as pessoas. “O seguro residencial no Brasil tem um custo acessível, em média de US$ 100 por ano. Em países latino-americanos, como Chile e México, esse custo chega a ser cinco vezes maior. A importância de ter um seguro residencial está na severidade de um acidente. A média de indenização paga nesse tipo de produto chega a R$ 800 mil, o que é uma perda grande para uma família de classe média”, afirma.

Nilton Molina, presidente do Conselho da MAG Seguros, destacou duas oportunidades primordiais para o avanço e futuro do mercado de seguros: a longevidade e o seguro de vida. “As crianças que estão nascendo hoje serão centenárias e saudáveis. O Brasil tem 16 milhões de pessoas com mais de 65 anos. Daqui a 30 anos, serão 60 milhões”, diz Molina.

Segundo o presidente do Conselho da MAG Seguros, o seguro social fornecerá uma renda mínima universal para os aposentados. . “Sendo assim, o setor de seguros é quem vai prover a sociedade com produtos de proteção financeira, como vida e previdência. E esse é um grande desafio que depende de todos nós em criamos condições econômicas e atuariais sustentáveis”, afirma.

Molina enfatiza que os corretores vendem muito pouco seguro de pessoas, concentrando as vendas em automóveis e saúde. “O que custa fazer uma pergunta singela ao cliente de carro: o senhor tem um tempinho para eu lhe mostrar um seguro de vida para proteger a sua família”, diz.

A clara mensagem dos palestrantes no evento da Lojacorr, que reuniu mais de 1,2 mil corretores, foi simples: a diversificação é a chave do sucesso para quem quiser se manter no mercado de seguros, um segmento com grande potencial e que investe para dobrar de tamanho até 2030, segundo estudo divulgado pela CNseg.

Fonte: Sonho Seguro